Todos os dias me pergunto se esta
será uma questão regional, ou simplesmente apanágio das localidades de
província, pois a única certeza que tenho é que isto, jamais, aconteceria numa
grande cidade.
Todos os dias faço o mesmo
percurso, o qual inclui ruas estreitas, com carros estacionados na faixa de
rodagem, e todos os dias me deparo com um artista de circo qualquer (vulgo
palhaço), que resolve estacionar o carro no meio da estrada, enquanto a fila de
carros se acumula atrás, esperando pacientemente que o individuo se digne
avançar e desimpedir o caminho.
Tenho-vos a dizer que eu sou do
grupo dos pacientes, daqueles que não buzinam, que toleram, que colaboram para
aliviar as dificuldades alheias, mormente as dificuldades de estacionamento,
que, efectivamente, na zona centro da minha cidade(zinha) são muitas… mas
porra! Não sou santa!
Um dia destes, já atrasada e em
esforço para chegar à creche do meu Filho, sou forçada a parar o carro para
deixar uma carrinha descarregar.
Tendo em consideração que o local
é, de facto, difícil, que o estacionamento não abunda e que para carros de
carga a situação piora substancialmente, resignei-me… pensei, coitado do homem,
há-de ter que descarregar um frigorífico, ou uma palete de revistas, ou qualquer
coisa de grande porte e não será fácil andar 500 m (distância até à qual teria
estacionamento) a carregar com aquele peso imenso às costas!
Mas enganei-me, o senhor tinha afinal que
descarregar…. uns óculos!
Quando me apercebi que o homem
tinha estacionado o carro no meio da estrada, que me forçava a chegar atrasada,
que a fila de carros ultrapassava o alcance da vista e que o individuo o fazia
sem qualquer remorso, razoabilidade ou simples respeito cívico para com aqueles
a quem impunha a espera, enlouqueci!
Buzinei-lhe e “mandei-o” avançar.
Ele riu-se, esticou o dedo em tom de autoridade incontestável e disse-me aquilo
que eu não ouvi mas que consegui ler nos seus lábios: “agora esperas e esperas
mesmo!”
E eu esperei! Roxa de ira e com
vontade de o fazer engolir uma granada, não tive outra opção senão esperar.... mas buzinei-lhe até à inconsciência!
Já vos falei do meu desejo de
possuir uma arma não já?
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