quinta-feira, 29 de novembro de 2012

As Maravilhas da Província


Todos os dias me pergunto se esta será uma questão regional, ou simplesmente apanágio das localidades de província, pois a única certeza que tenho é que isto, jamais, aconteceria numa grande cidade.

Todos os dias faço o mesmo percurso, o qual inclui ruas estreitas, com carros estacionados na faixa de rodagem, e todos os dias me deparo com um artista de circo qualquer (vulgo palhaço), que resolve estacionar o carro no meio da estrada, enquanto a fila de carros se acumula atrás, esperando pacientemente que o individuo se digne avançar e desimpedir o caminho.

Tenho-vos a dizer que eu sou do grupo dos pacientes, daqueles que não buzinam, que toleram, que colaboram para aliviar as dificuldades alheias, mormente as dificuldades de estacionamento, que, efectivamente, na zona centro da minha cidade(zinha) são muitas… mas porra! Não sou santa!

Um dia destes, já atrasada e em esforço para chegar à creche do meu Filho, sou forçada a parar o carro para deixar uma carrinha descarregar.

Tendo em consideração que o local é, de facto, difícil, que o estacionamento não abunda e que para carros de carga a situação piora substancialmente, resignei-me… pensei, coitado do homem, há-de ter que descarregar um frigorífico, ou uma palete de revistas, ou qualquer coisa de grande porte e não será fácil andar 500 m (distância até à qual teria estacionamento) a carregar com aquele peso imenso às costas!

 Mas enganei-me, o senhor tinha afinal que descarregar…. uns óculos!

Quando me apercebi que o homem tinha estacionado o carro no meio da estrada, que me forçava a chegar atrasada, que a fila de carros ultrapassava o alcance da vista e que o individuo o fazia sem qualquer remorso, razoabilidade ou simples respeito cívico para com aqueles a quem impunha a espera, enlouqueci!

Buzinei-lhe e “mandei-o” avançar. Ele riu-se, esticou o dedo em tom de autoridade incontestável e disse-me aquilo que eu não ouvi mas que consegui ler nos seus lábios: “agora esperas e esperas mesmo!”

E eu esperei! Roxa de ira e com vontade de o fazer engolir uma granada, não tive outra opção senão esperar.... mas buzinei-lhe até à inconsciência!

Já vos falei do meu desejo de possuir uma arma não já? 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Help!



Há coisa de umas semanas relatei-vos aquilo a que chamei de uma Segunda-feira difícil, mas na realidade, à semelhança da Segunda-feira passada, aquela foi coisa para meninos!

Tudo começou com o meu adorado Filho a acordar às 7H00 quando eu todos os dias lhe imploro por mais meia hora de sono…

Fazendo ouvidos moucos às súplicas diárias da Mãe, o AP berra desalmadamente até que alguém o vá buscar ao quarto dele.

Chegado à nossa cama, tudo é permitido menos dormir!

Entre sentar-se na cara do Pai e pular enquanto estala a língua em clara imitação de galope, puxar o cabelo à Mãe ou abanar o quadro que está pendurado na cabeceira, tudo é possível!

Na passada Segunda –feira, ainda estava eu a tentar refazer-me da dolorosa realidade que é a despedida do fim de semana, enquanto o AP deambulava pelo quarto quando, ao tentar subir à cama, bateu com a boca no rebordo.
Pânico instalado, chorava o Jovem, gritava a Mãe, corria o Pai, sangue por todo o lado e de repente digo ao meu marido: “Eu não lhe vejo os dentes de cima! Onde estão os dentes do menino?”

 Joelhos ao chão e lá vamos nós procurar os dentes do rapaz, o qual, já refeito do susto, nos olha de ar incrédulo, do alto dos seus 15 meses!

Não se viam dentes em lado nenhum e eu chorava de desgosto, imaginando o meu rico Filho desdentado até aos 7 ou 8 anos!

Felizmente, logo que a gengiva desinchou, respirei de alívio ao ver os dois “ratinhos” no sítio que lhes competia, inteiros e de boa cor!

De qualquer modo, e porque com os dentes não se brinca, decidi levar o AP ao dentista.

Cheguei à clínica 20 min. antes da consulta e, como até aí não tinha sido capaz de engolir coisa nenhuma, achei por bem ir ao café comer qualquer coisa.

Como era ali perto, resolvi levar o AP ao colo…  

Tropecei, caí e ficámos os dois estendidos em plena rua do comércio…. Como podem imaginar foi muitíssimo agradável!

A parte boa é que a dentista confirmou que estava tudo em ordem com os dentes do rapaz e, certamente por pena desta Mãe visivelmente afectada, não me cobrou consulta!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Uma Questão de Princípio!



Ontem foi um dia especialmente difícil!

Desde logo, e como é evidente, por ser Segunda-Feira, o que só por si já dificulta muitíssimo qualquer tentativa de se passar um bom dia…

À parte esse pequeno grande pormenor, tive que lidar com um verdadeiro imbecil e trata-lo com a diplomacia que a profissão exige…, até onde as minhas entranhas naturalmente explosivas permitiram…

Tinha então agendado um julgamento cuja possibilidade de sucesso era remota, senão inexistente. Contudo, quase que por milagre, o colega que representava a parte contrária faz uma proposta de acordo, razoavelmente vantajosa para o meu cliente.

Toda satisfeita, contacto o interessado e dou-lhe a boa-nova… achava eu!

Do outro lado da linha, ouço um “nem pensar” determinado que me voltou o estômago ao contrário.

Sem desistir, lá convenço o rapaz a aceitar uma contraproposta que de seguida faço ao M/ colega.

Entre avanços e recuos lá chegámos a um valor intermédio que, não obstante não atingir as expectativas do M/ cliente, sempre seria muito superior àquilo que se poderia ganhar em julgamento…

À porta do julgamento o rapaz aparece acompanhado da “futura esposa” – assim apelidada certamente para legitimar o opinanço desenfreado da rapariga.

Expliquei aos dois que a nossa causa, levada a julgamento, apenas lhe(s) valeria pouco mais que uns trocados e que a proposta que estava em cima da mesa era mais que razoável, nomeadamente por representar o triplo daquilo que se podia ganhar.

Confesso que não entendo de que forma o meu discurso poderia deixar dúvidas…

Não obstante, o rapaz não aceitou….e ainda acrescentou aquela frase emblemática que tantas vezes se ouve em tribunal: “isto não é uma questão de dinheiro, é uma questão de princípio.”
Tem uma certa graça, tem….

Na sala de audiências, o Juiz, com toda a calma e clareza informa o M/ cliente que a teimosia não é boa conselheira, especialmente quando acompanhada de uma manifesta falta de prova (nesta altura a “futura esposa” capta a mensagem e fecha a matraca…. lamentavelmente tarde)!

O rapaz continua irredutível e eu, quase de joelhos, peço-lhe que aceite….O homem aceita!!!!!

Numa explosão de alegria olho para o meu colega e digo, “pronto, está feito” e ele responde-me: “Não, com tanta indecisão, mudei de ideias!"
Já seguro da sua boa posição na causa, reduz a proposta….

Com o estômago às voltas e a cabeça a latejar de tanta idiotice, lá vou eu dar a notícia ao meu "homem de princípios" e à sua "futura esposa"…. ao mesmo tempo que me apresso a realçar que a nova proposta, apesar de menor que a anterior, continua a representar mais do dobro daquilo que pode advir do julgamento.

Naturalmente, com a indignação estampada no rosto, não há acordo!

Siga para julgamento!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

1 Ano!


Como já devem ter percebido, não vos brindo com toda a minha criatividade e relatos dos momentos mais ou menos glamorosos do meu dia-a-dia (que são sempre muitos e variados), com a regularidade que gostaria, contudo, sou uma convicta seguidora do tão sábio quanto antigo provérbio que ensina que “mais vale tarde que nunca”.
Há coisa de um mês disse-vos que me preparava para ir de férias… e fui!
Durante as férias não enriqueci a blogosfera com as minhas trivialidades, não porque não tivessem ocorrido eventos dignos de nota, mas porque eu sou aquilo a que se chama, como direi… mandriona, vá!!!
Contudo, não quero deixar de aqui fazer referência ao completar de um ano que, não obstante ter sido difícil em variadíssimas vertentes, foi o mais preenchido de toda a minha vida!
Um brinde … ao meu Filho, que há um ano atrás encheu o meu mundo!


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Um Desejo Profundo!


Conheço alguém que, não obstante ser pessoa calma e totalmente adversa a qualquer tipo de violência, perante atitudes pouco civilizadas, esboça um desejo profundo de possuir uma arma… sentimento que hoje não só percebi como partilhei.

Então, regressava eu tranquilamente da creche do meu Filho, quando uma “alminha”, certamente ainda a dormir ou fazendo pouco uso da cabecinha oca que Deus Nosso Senhor lhe deu (ou não), atravessa a sua chocolateira verde azeitona na frente do meu rico automóvel.

Travões a fundo e toma lá uma buzinadela para acordares!

Desde logo denoto que a mulher me olha pelo retrovisor como se eu fosse o diabo, mas o mais caricato foi ver o indígena que a acompanhava, debruçado na janela do pendura, zurrando os mais variados impropérios (que a insonorização do meu carrinho, amavelmente, me poupou de ouvir), enquanto gesticulava que nem um macaco, e acenava a céu aberto o tão mundialmente conhecido “sinal internacional da amizade”!!!!

Enfim, é certo que perante tamanha demonstração de boçalidade nem valeria a pena tentar explicar àqueles dois asnos que eu tinha prioridade…. Ah, mas se eu tivesse uma arma!!!!

       

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Meu rico mês de Junho!!!


Já perdi a noção do lapso de tempo que decorreu desde o último ano em que tirei férias em Agosto!

Para o resto do mundo eu devo ser um bicho estranho, mas estou confiante que, pelo menos alguns de vós, percebem a minha aversão a férias no mês de Agosto!

Agosto é aquele mês que ninguém merece, em que não há lugar de estacionamento, nem possibilidade de sair de casa para jantar sem mesa reservada.

É aquele mês em que somos tratados como nativos subdesenvolvidos com obrigação de nos ajoelharmos aos pés dos colonos, que tudo sabem e podem, e agradecermos por nos brindarem com a sua magnífica presença e sabedoria!

Ir à praia então é um autêntico martírio, não só pela dificuldade de estender a toalhinha sem pisar alguém ou ser pisada, como pela onda de brejeirice que se abate sobre a costa.

Não tenho nada contra as geleiras, marmitas e garrafões, mas confesso que me incomoda todo o cenário que se monta à volta disso, irrita-me a barulheira inevitável de gente aos magotes que como estão de férias acham que se podem dispensar de civismo.

Outra das coisas que me deixa perfeitamente doente são aqueles iluminados que deixam os chapéus de sol enterrados na areia só para marcar lugar…. Ups.. a maré subiu e não é que arrastou o sombreiro?!!!

Enfim… o que eu gostava mesmo era de ser rica e ter uma praia só para mim… mas como isso, pelo menos para já, não é possível, lá vou tendo que partilhar o espaço com os demais, se não se importarem, é claro!!!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sabem aquela Sensação...? Não tem nada a ver!


Sabem aquela sensação de pré-férias? Quando andamos a correr para que tudo fique tratado na nossa ausência e possamos gozar aqueles tão abençoados dias como se nada existisse para além do dolce fare niente?

Sabem aquela sensação de ansiedade que toma conta de nós só de pensarmos que daqui a poucos dias podemos estar estendidos numa praia qualquer? Ou dormir até que o corpo nos doa?

Sabem aquela sensação de acordar de manhã ao som do despertador e ao desliga-lo pensar: Daqui a dois dias corto-te o pio!?

Sabem aquela sensação de passar por um turista e inalar o cheiro a bronzeador que dele emana e em vez de nos enfurecermos esboçarmos um sorriso como quem diz, daqui a dois dias sou eu?

Sabem aquela sensação de ver gente pouco e mal vestida, de chinelos de enfiar no dedo e com o cabelo amarfanhado do salitre, como se a cidade fosse uma extensão da praia e pensar, calma que já lá vais?

E sabem aquela sensação de nos cair uma bomba nos braços, de engolir uma granada, de tomar um banho de água fria no inverno ou de vestir roupa que pica no verão?

Pois, é mais ou menos isso que se sente quando nos dizem com todas as letras que a nossas férias descansadas de papo para o ar estão por um fio!!!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Aguenta!!!


Como é que se diz a alguém que aquilo que a pessoa tem para nos dizer não nos interessa, não queremos ouvir nem saber?

Como é que se diz a alguém que esse alguém é uma seca, uma verdadeira melga?

Como é que se diz a alguém que aquilo que o/a faz vibrar é-nos perfeitamente indiferente entediante e dispensável?

Como é que se diz a alguém que os seus dramas familiares, a inteligência suprema da sua prol ou as 1001 loucuras dos seus vizinhos são assuntos que não merecem o nosso precioso tempo?

Pois, não se diz… portanto, aguenta!!!!

terça-feira, 31 de julho de 2012

É só uma Perguntinha...


Apesar do meu bom feitio, que eu cá sou muito simpática e bem disposta (e modesta), não tenho grande afinidade com aquela malta sem vergonha que acha que faço horário continuo.


Também não aprecio aqueles que aparecem esperando borlas, mas irritam-me sobretudo aqueles que não respeitam a minha necessidade de descanso.

Bem sei que este aspecto leve e fresco, aparentemente decorrente de excesso de boa vida, aliado ao facto de ter uma profissão reconhecidamente pouco trabalhosa e muito rentável (I wish), pode ser enganador mas, na verdade, espantem-se, também eu, como o comum dos mortais, tenho necessidade de descansar, de estar com a minha família e de, de vez em quando ou pelo menos à hora de jantar, não me lembrar que existe trabalho, tribunais e gente que não se entende…

Mas a verdade é que há, e como há, quem ache que eu sou uma espécie de “loja jurídica de conveniência”.

É por essas e por outras que desde sempre decidi não ter telemóvel profissional, contudo, mal podia eu esperar pelos telefonemas “pessoais”!


Imaginem o que é estar a jantar, aí pelas 21H30 (sim porque aqui a malandrona (mandriona em algarvio) não janta às 7 da tarde!!!) e toca o telefone. Eu vejo o número de alguém que muito raramente me liga, atendo o telemóvel na expectativa e à primeira frase já me arrependi de não o ter colocado no silencio!

Ouço do outro lado: "Olá, ainda estás no escritório?", como quem justifica o adiantado do telefonema, como se fosse expectável que àquela hora, eu ainda estivesse a trabalhar, e melhor, a dar consultas!

Eu respondo com ar enfadado e na leve esperança que do outro lado da linha haja um rasgo de lucidez e a pessoa se despeça de fininho:“Não, a esta hora nunca estou no escritório, o meu filho tem meses e precisa jantar cedo!”

Mensagem não captada!


" – ah, olha, queria fazer-te uma perguntinha…." (gosto especialmente do uso do diminutivo, como quem diz, isto é coisa rápida e que certamente não te fará diferença responder, e só se fores muito mal educada, egoísta, arrogante e sem coração, me negarás ajuda neste momento de agonia…).

Enfim, podia realmente não ter atendido o telefone, mas nesse caso, o espirito inquieto de quem corre para tirar o pai da forca, com a urgência de que uma qualquer bagatela merece, insiste às 22H00 e, como eu não atendo, volta a tentar às 22h30 e, como eu volto a não atender, às 23H00 manda uma sms e, como eu não respondo, às 9h00 do dia seguinte, ainda que seja Sábado, Domingo ou feriado, está de novo em linha….

Há quem diga que cada um tem o que merece... pois, se calhar é isso!






segunda-feira, 30 de julho de 2012

São Crianças!



Toda a vida tive dificuldade em aceitar, e sobretudo em compreender, a tolerância dos Pais face às má-criadices dos Filhos (gosto desta expressão – má-criadice – tão regional!!!).
Muitas vezes me questionei se aquela minha aversão a putos desregrados seria fruto da minha inexperiência com crianças e se, um dia, quando tivesse Filhos, veria a coisa de forma diferente.
Pois, meus caros amigos, tenho-vos a informar que a maternidade não teve qualquer efeito a esse nível!
A verdade é que continuo absolutamente intolerante à má educação congénita que assola as nossas pobres crianças, digo pobres porque, naturalmente, a culpa não é delas! A culpa é de quem não as repreende, de quem não lhes ensina a diferença entre o bem e o mal, entre o certo e o errado.
Quantas vezes, perante autenticas barbaridades, se vêem os paizinhos, esses garantes de formação cívica e moral dos petizes, encolher os ombros, ou olhar para o lado como quem não vê, ou simplesmente desculpar os actos com aquele ridículo lugar comum: “são crianças!”, como se isso os enchesse de uma faculdade divina de omnipotência…
Pior que isso são aqueles pais que se dizem muito exigentes (tipo eu) e depois, perante a constatação dos factos, por exemplo quando os fedelhos destroem objectos alheios, gritam, berram ou simplesmente se fazem de moucos, reagem como se nada fosse, nem uma palavrinha de desculpas a quem são devidas, muito menos se prontificam a pagar o que quer que seja, e aos meninos, vá beijinhos e abraços que são a coisinha “mai” linda do mundo!
Esses deixaram de ser convidados para cá vir a casa e vão continuar do lado de fora da porta até que as suas crias tenham idade de ir à tropa (e isto, obviamente, sem qualquer distinção sexista)!
A coisa “mai” linda do mundo cá de casa, não obstante ser amada até à exaustão, até que o ar se nos acabe nos pulmões e que o bater do coração se finde, vai ter regras e se não as cumprir (porque por mais boas intenções que se tenham nem sempre somos bem sucedidos), serei a primeira a pedir desculpas, primeiro a ele e a seguir ao mundo!


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Tão "Fófinho"!!!

E quem tem o marido mais "riquinho" do mundo, quem é?!!!!
Ah pois é!!!!

Ontem fiz anos


35 anos!

Todos os anos penso da mesma forma, cometo os mesmos erros, arrependo-me das mesmas coisas…

Começo a pensar que a cor do meu cabelo, de facto, condiciona a minha capacidade mental (a que ainda me resta e parece tentada a desaparecer!)

Todos os anos, penso em fazer uma festa, depois, conforme o dia se aproxima, vou perdendo forças, a inércia ganha ao entusiasmo e a ideia de festa não passa disso mesmo, duma simples ideia, que todos os dias 9 de Maio decido concretizar no dia 8 do ano seguinte… foi exactamente o que aconteceu este ano, no ano passado e nos anteriores…

Quando se começa a aproximar o dia, já despojada da ideia de festa, começo a considerar tirar o dia de folga… o que também não acontece nunca.

Vai o dia a meio e eu decido que, pelo menos, vou sair mais cedo… que raio, afinal é o meu dia de anos…. mas não, acabo por sair à mesma hora de sempre.

Já por duas ou três vezes que decidi que não precisava de bolo de anos. Não encomendo, não se cantam os parabéns porque eu não preciso de nada disso… mas a verdade é que dia de anos que é dia de anos deve ter bolo e velas e cantoria….e eu, que optei por dispensá-los, acabo por me entristecer com a falta deles…

A inevitável ideia de velhice que insiste em assombrar-me em todos os meus aniversários, este ano superou-se… 35 anos!!! Já não posso dizer que tenho trinta e poucos, pois na verdade todos os minutos me aproximam dos 40, e deixam os 30 a acenar-me em tom de despedida….

E é assim, a festa que não tive, a folga que não gozei, o bolo que não comi, as velas que não apaguei e os parabéns que não me cantaram, aliado ao facto do espelho lá de casa começar a irritar-me … tudo me levou a passar o meu dia de anos (o único no ano que me é destinado e durante o qual a minha Família e Amigos se esforça por me mimar), de forma enfadonha… logo eu que costumo ser tão alegre!

E de quem é a culpa?!!!! Minha, está claro!

Todos os anos penso: Nunca mais faço isto porque o dia de anos é muito importante, é sinal que estamos vivos, e a vida deve ser celebrada com entusiasmo e gratidão…

Pronto, está decidido, para o ano é que é!!!


quarta-feira, 4 de abril de 2012

Vivendo e Aprendendo

Longe de mim saber tudo ou ter a pretensão que sei, mas confesso que por esta não esperava.
Hoje descobri, num douto despacho de arquivamento, que a expressão "Se amanhã chover limpo-te o sebo", ou outras similares, não são ameaças, são apenas advertências.... e, portanto, podemos dize-las o quanto quisermos que isso não é crime!!!!

Boa, 10 pontos!

sexta-feira, 23 de março de 2012

Mais Um!


O fim-de-semana chega de fininho e eu, como todas as Sextas-Feiras, penso em mil e uma coisas que gostaria de fazer….
Friamente, sei que não vou fazer nada de novo, vou-me matar com os afazeres diários e vou chegar a Domingo com a mesma sensação de clausura e amargo de boca que me têm brindado nos últimos meses…

Contudo, e apesar da antecipação pouco interessante que faço, a chegada destes dois dias de pseudo-descanso não deixa de me alegrar… um bocadinho!  

segunda-feira, 12 de março de 2012

Ai, Que Bem Que Se Está na Cidade!

Há coisa de duas semanas fui até à capital!

Oh cidadezinha renovadora!!! Para esta provinciana da praia (e portanto muito mais evoluída que as provincianas do campo...) ir a Lisboa é sempre motivo de alegria (mesmo que seja para ver a sogra ;))

Antes de ir, faço mais ou menos um itinerário dos sítios e dos amigos que gostaria de visitar, mas como sempre, nunca consigo chegar a todos os destinos.

Entre os locais de eleição estão os Pastéis de Belém, os Amoreiras, a Pastelaria Versailles, os M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O-S Travesseiros de Sintra, entre tantos outros locais de dar água na boca e comichão na carteira... Assim sendo, e tendo em conta que vou a Lisboa meia dúzia de vezes por ano, vou a cada um destes locais, para aí...., 1 vez por ano! Enfim, uma fartura!

Na última incursão apeteceu-me tomar o pequeno almoço no Starbucks, essa modernice vinda dos Estates, onde o pessoal bebe café num copo de papel ... pois, aqui na província, não há nada disso, café que é café bebe-se na chaveninha, com direito a pires e colher de metal.

Mas eu, que sou uma provinciana muito evoluída e estilosa (não sei se já tinha referido estas minhas pérolas de carácter) achei que o Starbucks é que era!!!

Assim, cheia de autodeterminação e deixando transparecer toda a minha essência cosmopolita, aproximei-me do balcão e pedi um muffin e um .... galão!!!!
O pobre moço, apesar do sorriso forçado e condescendência própria de quem fala com um(a) atrasado(a) mental, corrigiu-me: O nosso galão chama-se latte... 
Oh tragédia, é que nunca me consigo enturmar....!  

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Diz-me Como Conduzes, Dir-te-ei Quem És


É no trânsito que as pessoas se revelam, que mostram aquilo que são e a matéria de que são feitas.

Ao volante, tudo é permitido, não há regras nem tabus, daí que seja na estrada que se admirem as situações mais caricatas, algumas odiosas, de pura falta de civismo ou mesmo de falta de educação congénita.

A que vos relato aqui hoje é apenas cómica!

Um dia destes, seguia eu ao volante da minha viatura (nova e linda por sinal… já fiz referência à minha modéstia, certo?), cheia de pressa, aliás como sempre, e eis que me deparo com um aparatoso cenário de acidente, com direito a INEM, polícia, sirenes, fila de trânsito e claro, os execráveis mirones que deliram com a desgraça alheia!

Felizmente, pelo menos sob o meu ponto de vista, nada de grave. Apenas uma acelera que embateu num automóvel (ou vice-versa).

Enquanto o condutor do velocípede (ou bicicleta a motor como se diz na minha terra), recebia assistência médica, o casal de sexagenários, cuja irritação era maior que o estrago no automóvel, contava a quem passava no semáforo (em marcha lenta por força das circunstância), o que tinha acontecido.


E a empolgação era tanta que o senhor mal continha as palavras, tal era a velocidade com que as mesmas lhe saiam da boca. E porque o arrebatamento com que descrevia a ocorrência era evidente, até os dentes lhe faziam empate… de tal forma que decidiu... retira-los e, enquanto esbracejava com a dentadura na mão, lá ia deliciando quem passava, que mesmo sem ouvir o relato se encantava com o sorriso do homem! 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Ternura dos 80


Enquanto somos novos achamos que os (mais) velhos vivem em piloto automático. Que não passam pelas mesmas coisas que nós, que não têm as mesmas vontades e os mesmos desejos, que não têm sonhos ou objectivos.

Conforme vamos envelhecendo, apercebemo-nos que o decurso da idade não nos faz menos humanos, nem nos esvazia de todos aqueles sentimentos habitualmente associados aos jovens!

Tenho a felicidade de conviver de perto com um casal de octogenários que são prova disso; Aos oitenta anos, e mais de 50 de casamento, ele faz-lhe declarações de amor como se adolescentes fossem e ela, com o engenho e mau feitio de menina mimada… trata-o a condizer.

Num daqueles almoços domingueiros em que ela reclama constantemente ao mesmo tempo que ele lhe dirige todo o tipo de piropo, para grande folia dos demais presentes, ele, num raro desabafo, após um qualquer impropério que ela lhe lançou, diz:

- Oh mulher, és mesmo um jacaré!

Contudo, vendo o olhar fulminante que ela lhe lança, logo corrige:
- Mas há jacarés muito lindas!!!!  

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Ser Humano É um Bicho Estranho


Se há coisa que não falta no meu gabinete é luz!

Tenho uma parede inteira de vidro que dá para a rua. 
É um facto que não é uma vista mar, ou a tranquilidade da serra, ou o luxo de um campo de golfe …  é apenas uma vista para a rua, de frente a uma fábrica velha e, vá lá, a um ninho de cegonhas… mas, como eu estava a dizer, é um gabinete cheio de luz natural.

Mas o melhor disto tudo é aquilo que eu assisto do lado de cá, protegida pelo vidro fumado que não permite os olhares indiscretos e curiosos dos transeuntes sem vergonha.

É impressionante o que as pessoas fazem quando acham que ninguém as vê!

É só vê-los passar e, iludidos pelo aspecto opaco do referido vidro, esquecem-se que têm plateia!

Elas penteiam-se, param a admirar a indumentária e a ajeita-la na cintura, enquanto fazem olhares sérios, cheio de sensualidade…. Oh God!!!

Eles, são mais desligados, mas também os há cheios de estilo, daqueles que depois de palitarem os dentes com as unhas, rasgam um sorriso pepsodent para admirar a cramalheira.

Ainda há os curioso que, denotando alguma inteligência, ou pelo menos mais que os anteriores, esborracham o nariz no vidro ao mesmo tempo que colocam aos mãos em par dos olhos, na expectativa de ver cá para dentro… e claro, nestes casos, levam com o meu trombil de ar sério e mal disposto!

Mas o que eu gosto mesmo é dos putos que me lambem o vidro todo enquanto os paizinhos falam distraidamente ao telemóvel.

É tão bom ser criança!!!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Santa Bula


Há coisa de uma semana, escrevi sobre a enorme constipação que atrevidamente se instalou por cá.

Sendo que a coisa não melhorou, não me restou alternativa senão recorrer a quem sabe mais que eu sobre o assunto!

Saí do consultório médico com uma receita carregada de medicamentos cujos nomes impronunciáveis adquiri na farmácia mais próxima.

Apesar dos meus vastos conhecimentos e enorme saber (não sei se já vos referi que a modéstia é uma das minhas muitas qualidades), entendi por bem que deveria ler a bula do antibiótico.

Francamente não percebo porque raio faço sempre isto… ler a bula! Aquela porcaria está carregada de palavras que ninguém entende, com compostos e componentes que apenas os profissionais da área sabem o que são e que até podem significar um qualquer tipo de veneno que o comum dos mortais não daria por isso… mas não, eu leio sempre, na esperança de ficar mais esclarecida… que raio de ideia!

Bom, não obstante, e porque a teimosia, ou direi antes a perseverança, que me assiste, não tem limites, lá fui lendo aquele papelinho cheio de letrinhas, na esperança de chegar a algum entendimento … e não é que cheguei? 

Na parte em que diz “Tenha especial cuidado”, reza assim: “(…) registaram-se reacções alérgicas graves, incluindo angioedema e anafilaxia (raramente fatais)

É que fiquei muito mais descansada… levei o resto da noite, depois de tomar o dito medicamento, de pestana aberta, não fosse empacotar durante o sono e privar o Mundo da minha indispensável companhia!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Odeio Caloteiros!


Odeio Caloteiros!

Odeio gente que não tem respeito pelo trabalho e dificuldades alheias.

Enoja-me quem se aproveita da confiança e boa vontade de uns e de outros para viver à conta e sobretudo de quem não mexe um caracol e justifica a falta de pagamento com pseudo-despesas extraordinárias, como se o desgraçado que trabalhou/vendeu tivesse alguma culpa disso!

Odeio gente que não sabe viver com o pouco que tem, resultado do pouco que produz!

Odeio gente que quer parecer aquilo que não é para impressionar aquele que gostaria de ser.

Odeio a falta de vergonha! 


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Crise






Hoje almocei com uma Amiga, e vai não volta, lá se foi bater naquele tema comezinho, que apesar de entediante e pouco produtivo, de uma forma ou de outra, acaba sempre por surgir… a Crise!

Falávamos que isto está mal, da falta de emprego, da falta de perspectivas para os recém-licenciados, da falta de confiança no futuro, blá, blá, blá, pardais ao ninho….

Dizia-me ela que tem estado a integrar um júri para contratação de pessoal e que, durante uma entrevista, pediram ao candidato, que enunciasse 3 direitos de que disporia enquanto trabalhador…

Se eu já tivesse para aí… 30 seguidores, deixava a pergunta no ar para ver se alguém lá chegava, mas como (ainda) não tenho, adianto já a resposta, não vá a história ficar incompleta para sempre!

Ora, o aspirante a funcionário daquela casa, na sua imensa sabedoria e sentido de extrema oportunidade, começou por enunciar …..“O direito a meter baixa!”

Digamos que teve ordem de soltura imediata!


Aaaaai!


Sabem aquela sensação de ter sido atropelada por um camião tir; de ter a cabeça mais pesada que o resto do corpo e os olhos a fechar como se uma força do além não permitisse mantê-los abertos? Pois, é assim que eu me sinto hoje!



Antes nunca adoecia, nunca me constipava e raramente tinha queixas, agora é uma festarola de maleitas, umas atrás das outras, é só escolher! 

Felizmente, nada de grave, só uma constipação “de caixão à cova” que faz do momento em que me deito o ponto alto do meu dia!

Isto sem falar no rombo que o orçamento leva em lenços de papel, que aqui a rapariga tem um narizinho muuuuito produtivo!!!

Enfim… a velhice é lixada!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Há Coisas que Nunca Mudam!


Esta manhã, enquanto esperava por uma colega, sentei-me numa cadeira da assistência duma sala do tribunal enquanto decorria um julgamento.

Contacto com estas realidades todos os dias, mas enerva-me, revolta-me, a predisposição do povinho para viver à conta…

Tentando perceber das condições económicas e sociais do prevaricador de 32 anos (o qual era pela terceira vez, no período de 18 meses, apanhado a conduzir sem carta), perguntava, inocentemente o Sr. Dr. Juiz:

- Então o Sr. Trabalha?
- Às vezes, na banca que a minha Mãe tem na Praia da Rocha.
-  Às vezes? Mas então e no resto dos dias?
- Ah, nos outros dias não faço nada!
- Ah, muito bem… Olhe, o Senhor é casado? 
- Não.
- Tem Filhos?
- Sim, tenho duas meninas e vem outro a caminho.

Perante isto, o Juiz fez a pergunta óbvia:

- Então mas o Sr. e a sua Família vivem do quê?
- Do Rendimento Mínimo! (como é obvio!!!)

   Enfim, é certo que a generalidade das pessoas já se habituou a conviver com esta realidade, mas eu, de facto, sou uma inconformada! Faz-me confusão que uns tenham que trabalhar e pagar impostos, enquanto outros usufruem dos benefícios que este nosso “estado social” tanto se preocupa em oferecer.

O mais grave disto tudo, foi ouvir o Sr. Procurador pedir uma pena de multa, em vez de prisão, por considerar que o arguido se encontrava familiar, social e profissionalmente integrado!


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Aqui Me Confesso!


Desde que iniciei este Blog tenho falado nalguns aspectos da minha vida, mas ainda não fiz referência à minha profissão.

Parece-me que está na hora de me confessar, de admitir que ganho a vida agradando a uns e arreliando outros.

Quando a própria Ministra da Justiça diz que os advogados são todos uma cambada de ladrões, é impossível dizer o que faço sem esperar ser achincalhada por quem recebe a notícia!

É pois nessa senda, que muitas vezes se torna complicado fazer entender aos Clientes que não somos de facto ladrões, que esta corja de energúmenos a quem o Estado Português chama de usurpadores, chupistas e tantos outros predicados de igual nível, são na realidade profissionais, felizmente na sua maioria, honestos, que praticam serviço público e a quem o Estado, vergonhosamente, deve milhões, paga tarde e sem juros!
E ainda que pagasse a horas, há coisas que o dinheiro não paga. Acreditem, por aqui, passa gente muito doida…

Aqui fica uma transcrição (abreviada) de uma conversa com um Cliente beneficiário de apoio judiciário:

- Oh Sr.ª Dr.ª, fui agora notificado que existe um processo contra mim a correr no Brasil, e tenho 15 dias para responder, o que é que eu faço?
- O Sr. tem que arranjar um advogado no Brasil porque eu não posso exercer fora de Portugal, nem conheço a lei brasileira.
- Oh Sr.ª Dr.ª, mas a minha advogada brasileira leva muito caro e eu não tenho dinheiro, por isso ela disse-me para pedir um defensor público, como é que faço isso?
- O Sr. tem que se informar junto das autoridades brasileiras, porque eu não sei como funciona o sistema de apoio judiciário no Brasil!
- Mas oh Sr.ª Dr.ª, e eu não posso fazer o pedido aqui?
- Claro que não, porque o nosso Apoio Judiciário só vale em Portugal e o seu processo corre num tribunal brasileiro!
-Oh Sr.ª Dr.ª, então e se eu pedir um defensor público no Brasil, é-me nomeado um advogado brasileiro ou português?

 Ninguém merece!!!!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Saudade de Mim


Tenho andado pouco animada.

As noites mal dormidas e as preocupações que me sufocam a alma relegam para longe a boa disposição que habitualmente resiste em mim.

Não sou uma pessoa tendencialmente saudosista, aliás, se há coisa que me irrita, que me incomoda, é ver aquela malta que nunca está bem com o que tem e que leva a vida a lamentar o que já teve, sendo certo que enquanto teve não aproveitou, não valorizou!

Não obstante, não só aceito como partilho, que as pessoas mudam e nem sempre para melhor!

É nessa perspectiva que eu tenho alguma saudade de alguns traços de carácter que já tive e que, irremediavelmente e para todo o sempre, perdi!

Tenho saudades da força e da confiança (em mim e no futuro) que me faziam viver de olhos postos no horizonte! No fundo, tenho saudades, muitas, de ser despreocupada!

E esta Senhora sabe  tão bem do que falo, ora espreitem lá:

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Metade (Gosto tanto!)


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

(Oswaldo Montenegro)