terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Melhor do Meu Dia - Parte 2

A Cliente entrou no escritório acompanhada do marido.

Olhando para mim, e porque era a primeira vez que me via, ele disse qualquer coisa do gênero:

- Oh, você não parece advogada, parece uma rapariga de escola (isto tudo em inglês... sempre parece menos mal)!

Eu, levando aquilo como um elogio, ri-me e disse-lhe apenas que desejava que assim fosse.

Ele olha para a minha barriga e comenta:

- Pelo tamanho da sua barriga, imagino que isso não seja o resultado de um grande almoço!

Novamente ri-me e confirmei o óbvio.

- E é o primeiro?

- Não, é o segundo!

- Como é que é possível?!!

Encho-me de coragem e pergunto-lhe que idade é que ele pensa que eu tenho.

O homem olha-me prolongadamente e depois atira: 

- 24!


O facto dele tresandar ligeiramente a álcool não conta, certo?!!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Em Negação....

Enquanto tomo banho, tenho sempre companhia.

Invariavelmente o meu Filho passeia-se pela casa de banho,  enquanto canta os parabéns, finge falar ao telefone com as/os Avós, ou uma outra tagarelice qualquer…

Hoje, entre o barulho do chuveiro, começo a ouvir em loop:

- A Mãe é “goda”. A Mãe é “goda”. A Mãe é “goda”…..

Em choque e em pura negação, faço a pergunta?

- Que é que tu estás a dizer? A Mãe é o quê?!!!!

- É “goda” (com uma expressão que acrescentava um doloroso “obviamente” ao fim da frase)!



- É GORDA?!!!!!! (ainda em negação).

- “Xim”!

Prestes a desmaiar, faço aquela pergunta estúpida, na expectativa da resposta me conferir algum conforto de alma:

- Quem é que te disse isso?!!

- Foi o Pai!

Pronto, finei-me!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Eu Estou Bem, Eu Estou Bem!!!

Eu cá nunca fui muito equilibrada, é um facto. E não me refiro a questões do foro emocional (embora haverá quem pense que por aqui também o défice é grande…), não, refiro-me mesmo à capacidade básica de me manter de pé sem, de vez em quando, levar a tromba ao chão!

Se é certo que esta minha carência é a modos que aborrecida, constrangedora ao extremo e até perigosa, a coisa assume proporções bem mais preocupantes (e frequentes) quando se tem uma barriga proeminente que, além de ter que ser protegida, é por si só, um elemento desestabilizador nessa grande dificuldade que é manter-me na vertical.

Dir-me-ão algumas… ah, e tal, devias andar de sabrinas ou ténis, que esses teus saltos altos são perigosíssimos! Para essas tenho duas respostas:

- Tivessem vocês um metro e meio (e algum sentido estético) e queria ver-vos no “r/c” por nove meses ( é que ninguém merece: gorda (ainda que apenas aparentemente), com roupa feiosa (como só – ou quase só- a das grávidas consegue ser) e ainda minorca para além da conta?!!!) – Eat you!  

- Na 1.ª gravidez caí de sabrinas!

Passada esta nota introdutória que legitima de forma indiscutível o uso abusivo dos meus ricos saltos altos, tenho-vos a contar que hoje foi dia! Ah pois foi!

Estatelei-me ao comprido e com toda a violência, em plena luz do dia, no meio da rua! Enquanto o iPhone, o iPad e a carteira se espraiavam pelo passeio, eu lá consegui, estoicamente, proteger a barriga enquanto desgraçava um joelho e um botim novinho!


Já vos disse o quanto admiro a calçada portuguesa?!!! 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

As Férias, ai as Férias!!!

Estou farta de dias cinzentos, mas antes o Inverno que o Verão.

Não gosto de chuva, mas gosto do sol de Inverno, o melhor sol do ano!

Do Verão, gosto apenas das férias, dos dias despreocupados, sem grandes horários ou compromissos. Gosto do bronze, gosto muito do bronze … coisa que o próximo Verão não me trará, pois que, se me restar algum bom senso e auto respeito, não exporei o meu “corpitcho” – e por consequência a minha pança recém desocupada – em público.

Talvez por isso hoje tenha levado o dia todos a amargurar enquanto relembro as férias idas, os “All Included” anuais desfrutados em paraísos tropicais enquanto por cá chovia… como agora. As férias de final de Junho, invariavelmente passadas em Espanha a convite dos Sogros, e que me retemperavam para o resto do ano.

Enfim, têm sido umas semanas sem grande graça!

Enquanto me auto flagelava com tudo o que já foi e que não sei quando e se voltará, lembrei-me das primeiras férias que fizemos em Espanha.

Não sei falar castelhano e acho absolutamente ridícula aquela malta que acha que comunicar com um espanhol é falar português enquanto enrola a língua. Por isso, sempre optei por falar português, embora devagar, na expectativa de me fazer compreender. Com o passar dos anos percebi que não resultava e por isso passei a calar-me e a deixar o marido falar.

Nessas primeiras férias, após uma semana no Sul, rumámos a Barcelona. No regresso, parámos numa estação de serviço para colocar combustível. Enquanto o marido, então namorado,  abastecia, eu dirigi-me à caixa para pagar.

Sendo que tinha algumas pessoas à minha frente, o marido encheu o depósito e aproveitou para verificar o ar dos pneus. Quando chegou a minha vez de pagar, já alguém estava a tentar abastecer na “nossa” bomba, o que me impedia de proceder ao pagamento. Foi aqui que a coisa se complicou!
A espanhola disse-me então (em castelhano, obviamente!) que teria que dizer ao outro cliente que colocasse a mangueira no sítio, para possibilitar o pagamento. Olhei para a mulher com ar incrédulo como quem diz: A sério que queres que EU lá vá explicar isso ao homem?!!!  Na falta de reacção, resignei-me e lá fui.

Cheguei junto do carro de matrícula espanhola, enchi o peito e pensei: Isto não há-de ser assim tão complicado! Afinal, eu não sei falar castelhano, ele também não sabe falar português, está tudo certo!

Então, disse-lhe assim (escrevo como falei para que percebam a gravidade da coisa e o tamanho do melão… até porque se não sei falar a língua, muito menos saberia escreve-la!):

Sénhor, perdon, pero tienes que colocar na maguiera en la bomba, porquê no consgigó pagar! (Isto tudo enquanto rezava para que aquele momento de humilhação barata que me fazia sentir um vulcão em actividade, se desvanecesse do meu presente e da minha memória).

O homem, de sorriso condescendente no rosto, sem contudo conseguir disfarçar a vontade de rir que lá ia dentro, respondeu-me (também tal como escrevo):

- Ah, tem toda a razão, peço imensa desculpa!

A cena ficou no passado, mas a memória da vergonhaça associada, há-de perseguir-me até ao fim dos meus dias!


Afinal, que falta me fazem as férias?!! Antes a trabalhar! 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A Coisa Promete!

Chegados a meio do tempo de gestação, convém começar a pensar nas alterações logísticas que necessariamente terão que ocorrer.

Sendo certo que lá em casa já temos um “Rei do Pedaço”, a coisa torna-se mais sensível, pois há que fazer esta adaptação à realidade vindoura, de forma gradual e tão imperceptível quanto possível, de modo a impor a partilha do “pelouro” sem choques, dramas ou ciúmes, tão habituais em crianças (quase um bebé) com pouco mais de dois anos.

Assim, aproveitando a euforia que os (muitos) brinquedos novos arrecadados por conta do Natal trouxeram (muito obrigada a quem ofereceu roupa!!!), resolvi iniciar o tema.

Assim, como quem não quer a coisa, fazendo de conta que o jovem não se encontrava na sala, digo ao Pai:

- O AP ganhou (sim, já sei, é “recebeu”, mas eu digo “ganhou”!) tantos brinquedos novos e giros,  de menino crescido, que já não precisa dos brinquedos velhos, peluches e coisas de bebé, por isso, vou pô-los de parte para dar ao Mano!

Reacção imediata do visado, que em passo de corrida se aproxima de mim:

- Que estás a fazer Mãe?

- Estou a arrumar os teus brinquedos dentro do cesto, porque já não cabem aqui todos.

- Então e aqueles (apontando decididamente para o monte de peluches estrategicamente colocados de lado)?

- Aqueles brinquedos são de bebé e como tu já és um menino crescido, já não brincas com eles, por isso vamos guardá-los para dar ao Mano, boa?


- NÃO, ISTO É TUDO MEU, SÓ MEU!  

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Ela não desiste!

Eram, 21H22, o meu jovem Filho já dormia, eu acabara de arrumar a cozinha, dar de comer ao cão, empandeirar os brinquedos que proliferavam entre a sala e a cozinha e preparava-me para engolir alguma coisa, enquanto o meu corpo já gritava por descanso, quando o telefone toca.

Não conheço o número mas resolvo atender... era ela, sim, a tal!

- Pitanga, olá (nem desculpa lá o adiantado da hora, nem bom ano, nem coisa nenhuma... pelo menos também não me perguntou se eu ainda estava a trabalhar!). Olha, preciso falar contigo, mas como é que eu faço?!!!

- Como é que fazes?!! Vais ao escritório....!(entoação própria de quem fala com um atrasado mental em substituição do vulgo "Dahhhhaaaa").

- Ah, é que eu não sei onde isso fica....

- Não sabes?! Não te preocupes, eu explico!

- Ah, sabes o que era, é que preciso de blá, blá, blá....

Pronto, foi isto, basicamente, o costume!

Às vezes pergunto-me se a cor do meu cabelo me põe a jeito ou se, de facto, serei mesmo muito estúpida! A esta altura da minha vida já devia saber a resposta.... hum, isto não me deixa muito confortável!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Melhor do Meu Dia!

Há cerca de duas semanas aderi a uma iniciativa denominada "o melhor do meu dia".
Basicamente, o que se pretende é que os blogs aderentes passem a exibir o símbolo alusivo e depois, cada blogger a seu jeito, partilhe o que de facto retirou de melhor na vivência diária.
Achei a ideia gira e sobretudo estimulante do ponto de vista que nos permite fazer uma retrospectiva do dia e encontrar sempre alguma coisa boa para partilhar... No fundo, por pior que seja, há-de haver uma vertente positiva em tudo o que vivemos, só que nem sempre nos damos ao trabalho de pensar sobre o assunto, de valorizar e, sobretudo, alegrar-mo-nos com isso.

Muito tropegamente, com todas as limitações de que padeço ao nível da utilização das novas tecnologias, lá consegui espetar o símbolo no blog.
O mais ridículo é que a coisa colou de tal forma que agora, sempre que se partilha um post deste pobre blog, é aquele símbolo que o acompanha, e não as mãozinhas do costume...

Já retirei o selo, já alterei meia dúzia de definições, e nada resolve! Portanto, se alguém souber como é que isto se soluciona, muito agradeço!

Para já, e apesar da irritação que esta minha inabilidade para a informática me provoca, tenho a relatar-vos o melhor do meu dia:

- Mãe, olha! (enquanto esfrega o carregador do iPad na cara).
- O que é isso? Que estás a fazer?
- Estou a fazer a "baba"! (leia-se barba).

Tanto que se poderia dizer!!!

Muito se poderia escrever sobre a época de festas que passou, sobre o Natal em família, em paz, como deve ser e tanto se deseja.

Sobre os excessos de doçaria que cometi (e que irremediavelmente desculpei com a gravidez, enquanto apaziguava o sentimento de culpa em função do sadio e desejável crescimento abdominal...).

Poder-se-ia falar também da histeria social que se gerou em torno das recentes alterações ao código da estrada e que, afortunada e tardiamente, obrigam a circulação pela esquerda nas rotundas – obrigada!!!

Podia ainda falar no casamento maravilha onde passei o dia 31 de Dezembro e boa parte da madrugada de 1 de Janeiro, onde os noivos surpreenderam pela positiva, ao inverter o protocolo socialmente instituído (bolas, que se eu não me tivesse casado já, tinha dali retirado umas ideias bem boas).

Podia também falar na cabeleireira que descobri em Braga que, por € 7,50, me fez um penteado bem catita, à prova de chuva e vento e que me permitiu comparecer na boda com ar arranjadinho.

Também podia falar na amigdalite da minha esteticista que, às portas de me abalar dos Algarves, a impediram de me tratar convenientemente …. o que culminou com uma linda canela despelada por mau uso de uma gilete….mas que, por outro lado, me permitiu apurar a técnica da maquilhagem de disfarce... Mas isto é melhor não contar, que dá muito má imagem da minha pessoa… ainda me surgia um convite para integrar a casa dos segredos…!

Podia falar da morte do Rei e dos disparates de levarem o homem para um mausoléu como o Panteão Nacional, quando o que lhe era devido era que o mantivessem em casa - no Estádio da Luz.

Podia falar dos comentários do Dr. Mário Soares….Não, disso, realmente, não se pode falar, é mau demais!

PS: Ah, sim, e fui assaltada ... outra vez!