Quando o meu primeiro Filho nasceu, a minha Mãe disse-me
uma coisa que nunca hei-de esquecer: “A partir de agora vais olhar todas as
crianças do mundo com outros olhos.”
De todas as coisas que me disse até hoje, essa é,
seguramente, das mais acertadas.
Nunca fui muito maternal, nunca tive especial
aptidão para lidar com crianças e muito pouco me derretia com as suas
traquinices.
Enquanto miúda nunca quis ser pediatra ou educadora
de infância ou outra profissão qualquer que lidasse com miúdos.
Nunca lhes tive aversão, evidentemente, mas
confesso que nalguma fase da minha vida questionei mesmo se um dia viria a desejar
ter filhos.
Desejei, tive, (e teria mais se a vida, a todos os
níveis, me permitisse), apaixonei-me pelos meus Filhos e, tal como a minha Mãe
sabiamente previu, apaixonei-me também, de alguma forma, pelos Filhos dos
outros.
Não vejo muita televisão, não tenho grande tempo
para o fazer, o que me tem custado alguma desactualização. Ainda assim, não o
suficiente para me poupar ao murro no estômago que levei com a notícia do bebé
de Linda-a-Velha.
Ontem abracei o meu Filho mais novo (pela
semelhança de idades) com mais força, dei-lhe mais beijinhos, mais mimo, como
se de alguma forma o calor do meu abraço o protegesse de todo o mal do mundo,
como se de alguma forma o sentimento de protecção que tenho em relação aos meus
Filhos pudesse valer a todas as crianças e, de algum modo, pudesse aconchegar
aquele bebé, onde quer que ele se encontre.
Essa e outras notícias deixam-nos a todos arrepiados. A mim causam-me um sentimento de revolta. Ainda hoje vi a notícia de uma outra criança de 3 anos levada para o hospital depois de uma tareia. E pergunto-me: como se pode ser cúmplice disto? A mãe, outros familiares, o vizinho ... ninguém nunca ouviu nada?
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