Enquanto somos novos achamos que os (mais) velhos vivem em piloto
automático. Que não passam pelas mesmas coisas que nós, que não têm as mesmas
vontades e os mesmos desejos, que não têm sonhos ou objectivos.
Conforme vamos envelhecendo, apercebemo-nos que o decurso da
idade não nos faz menos humanos, nem nos esvazia de todos aqueles sentimentos
habitualmente associados aos jovens!
Tenho a felicidade de conviver de perto com um casal de octogenários
que são prova disso; Aos oitenta anos, e mais de 50 de casamento, ele faz-lhe
declarações de amor como se adolescentes fossem e ela, com o engenho e mau feitio
de menina mimada… trata-o a condizer.
Num daqueles almoços domingueiros em que ela reclama
constantemente ao mesmo tempo que ele lhe dirige todo o tipo de piropo, para
grande folia dos demais presentes, ele, num raro desabafo, após um qualquer
impropério que ela lhe lançou, diz:
- Oh mulher, és mesmo um jacaré!
Contudo, vendo o olhar fulminante que ela lhe lança, logo
corrige:
- Mas há jacarés muito lindas!!!!
Lindo!
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