O rapaz saiu de casa
com a notificação que recebeu do tribunal no bolso, pois que o papel higiénico
está caro e uma pessoa tem que estar prevenida, não vá a dor de barriga chegar
sem pré-aviso.
Como é daqueles que
gosta do quentinho, do barulho das sirenes e da azáfama dos homens que comandam
as mangueiras, nada como atear um “fogozinho”, para aquecer os ânimos!
Mas antes, há que
contactar com a natureza em estado puro… baixa as calças, flecte os joelhos,
fecha os olhos enquanto faz força ao som dos passarinhos… ah, que alívio, que
bem que se está no campo!
Calmamente retira a
notificação do bolso e dá-lhe uso, afinal para que serve o erário público senão
para limpar a m… de uns e outros?!!
De seguida risca o
fósforo, aquele lampejo azul que em contacto com o pasto seco se transforma
numa enorme fornalha, rapidamente se expande…. Ele observa, de longe,
prazerosamente….
Quando os bombeiros chegam,
nada resta da propriedade fértil de outrora. Um amontoar de negrume morto cobre
o horizonte… ao fundo, uma luz, um brilho no meio da escuridão, um papelinho
que esvoaça ao sabor do pouco vento que se sente …. um papelinho com nome e
morada…e perfume peculiar!
Dizer que a minha profissão permite-me contactar com as mais
diversas realidades, não é novidade.
A novidade é ainda conseguir surpreender-me!
Isto da crise afecta todos os sectores!
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