sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

As Maravilhas do Low Cost!

Antes de ter iniciado este Blog, já tinha a mania de escrever uns disparates.
Assim, deixo-vos aqui um deles, que escrevi enquanto estava grávida:


Na passada semana tive uma diligência no Tribunal de Matosinhos, que me obrigou a deslocar-me à terra do “coração de uma só cor” … como diria o saudoso João Pinto (e não me refiro ao marido da Marisa Cruz!)

Tendo em conta a longa distância a percorrer, custo e cansaço associado ao meu actual estado de graça, logo decidi eleger o avião como meio de transporte.

Tendo a facilidade de conhecer uma super-mega competente agente de viagens, incumbi-a da tarefa de me fazer as marcações dos voos, hotel, check-in e afins, a qual, aliás como sempre, cumpriu com distinção!

Cheguei ao Aeroporto de Faro com 1 hora e meia de antecedência em relação ao voo! Nestas coisas não gosto de arriscar…

Procurei no placard informativo o n.º do meu voo e a porta de embarque… que óptimo, era a última, a mais distante de todas, mas pronto, pensei… tenho tempo e caminhar faz-me sempre bem…

Atingi o meu destino imediato em pouco mais de 10 minutos e logo me sentei, dando ao corpinho o descanso que o mesmo tanto pedia.

Ainda não passavam 5 min. e, contingências de uma grávida, eis que precisava urgentemente de ir à casa de banho! Novamente pensei: ainda tenho tempo, o melhor é despachar isto já!

Depois de percorrer aquele infindável corredor sem vislumbrar qualquer semelhança com uma wc, avisto, no andar de baixo, os tão desejados lavabos! Claro está que nem vi mais nada! Agarrei no trolley e na mala e lá vou eu por ali abaixo como se não houvesse amanhã...

Pronta para seguir viagem e instalar-me confortavelmente na cadeirinha que me serviria de poltrona até à hora de embarcar, dou-me então conta, e só nesse momento, que, na pressa de chegar à casa de banho, tinha cruzado uma porta de sentido único e entrado na zona das “chegadas”! Dirigi-me ao segurança, já então com ar cansado, e fazendo referência ao meu barrigão, lá fui explicando que precisava subir por aquelas escadas, porque o meu voo seria dali a pouco mais de 30 min…. Contudo, não resultou!

O homem, ainda que cheio de simpatia, não me deixou subir e peremptoriamente informou que teria que contornar o Aeroporto, pelo lado de fora, entrar novamente nas “partidas”, passar todos os controlos e demais imposições….

Desesperada mas sem opção, resignei-me, enchi o peito e tentei convencer-me…. “Tens tempo…!”

Passados todos os procedimentos de segurança (pela segunda vez!), lá cheguei novamente à porta de embarque, onde já uma enorme fila avançava!
Lá se foi a minha intenção de me sentar!

Visivelmente extenuada, coloquei-me no fim da fila, aguardando pacientemente a minha vez!

De seguida, surge uma funcionária da companhia aérea que pergunta em voz alta: Prioridades? Há alguém com prioridade?

E eu, na minha inocência, e decerto com o juízo já toldado pela fadiga, levanto o braço e digo: “eu estou grávida!” e logo muito prontamente a rapariga responde: “gravidez não é prioridade!”

Embrulhei a viola no saco e esperei…. De pé!

A Funcionária, contudo, dirigiu-se a mim e perguntou-me o n.º de semanas da minha gestação, sendo que perante a minha resposta logo me disse que não poderia embarcar!

Respirei fundo, fiz um choradinho e um sorriso luminoso e a rapariga lá me deixou em paz, não sem antes me dizer que tinha que colocar a mala dentro do trolley, porque a companhia não permitia viajar com 2 malas!

A muito custo, de joelhos no chão, lá consegui fazer um “dois em um”!

Passada a porta de embarque, com confirmação da identidade, cartão de embarque e afins, eis que temos direito a umas cadeirinhas. Sentei-me e aproveitei para relaxar, enquanto retirava a carteira do trolley. Pensei, agora já ninguém me chateia!!!

Preparava-me eu para subir ao avião, quando um daqueles controladores, com um colete reflector, se aproxima e me diz: A senhora não pode levar duas malas!!!!  Joelhos ao chão e novamente lá meti a mala dentro do trolley, enquanto partia dolorosamente uma das minhas preciosas unhas!

Arrastei-me então pelas escadas do avião, com uma mala na mão e o polegar ensanguentado na boca e, chegada à porta, diz a hospedeira de bordo: “O seu cartão de embarque por favor”

Quase em lágrimas respondi: “Está dentro da mala!!!”

Não me safei! Embora não houvesse lugares marcados, pela terceira vez, e não obstante o avançado estado de gravidez, uma unha partida e o suor que me escorria pela face, fui novamente com os joelhos ao chão, antes de finalmente, na graça do Senhor, me sentar!

De resto, correu tudo lindamente!

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