quinta-feira, 13 de março de 2014

A Mim Custa-me!

Há quem diga que dizer NÃO aos Filhos nem sempre dói. Não dói porque se diz “Não” para os proteger, porque dizer “Sim” implica um mal maior. Porque vê-los na eminência de cometerem erros que os prejudicarão no futuro e ter a possibilidade de evitar esse cenário com um simples “Não”, retira desde logo qualquer sofrimento, dificuldade ou angústia em contrariá-los.

Para mim não, um “Não” dói sempre, dói-me sempre e muito! Mesmo que o motivo seja dos mais justificáveis!

Ontem à noite o meu Filho pediu-me para dormir comigo “Só um bocadinho, Mãe!” (acompanhado daquela expressão doce e subserviente que, aos dois anos e meio, tão bem sabe usar).

Disse-lhe que não! Que cada um dorme na sua cama e que o quarto dele é mesmo ao lado do meu!

Ele insistiu! Eu tive vontade de ceder. Não cedi, mas retorqui: “Só se fizeres cocó no bacio!” (guerra que vimos travando nos últimos meses).

Ele imediatamente disse que sim. Prontamente tirámos a fralda e ele sentou-se. Ao fim de poucos segundos disse que já estava. Fui ver, não estava. Fez só xixi!

- AP, assim não podes dormir com a Mãe, não foi isto que combinámos. Se não fazes cocó não dormes na minha cama.

Ele imediatamente se sentou, e esperou. E eu esperei. E rezei que ele fizesse, não só porque é importante que comece a fazer, mas porque não queria dizer-lhe “Não”. Ele não fez. Eu não cedi e ele foi para a cama dele. E chorou, e eu chorei por dentro!

Quando me entrou no quarto com a cara lavada em lágrimas ofereci-me para me deitar na cama dele um bocadinho. Ele aceitou.

Entre soluços disse: “ O A. “cholou” muito… por causa da Mãe.”

Enquanto lhe explicava porque não o deixei dormir comigo, que não gostava de o ver chorar, ele acalmava, mas o meu coração continuava desfeito. Regressei então à minha cama. Ele dormiu.

Durante o sono, sonhei que me tinha afastado dele. Que o tinha entregue a alguém. Que tinha abdicado de o ter comigo. Depois chorei, chorei muito e tanto. Quando acordei, chorei mais ainda!

Às seis horas ele veio ter comigo. Meti-o na minha cama e dei-lhe a mão. Dormimos os dois. Àquela hora já não havia posição a marcar, já não tinha que lhe dizer “Não”.


Ainda bem, a mim custa-me, sempre, e muito!

2 comentários:

  1. Ainda não fui mãe, mas lendo o que escreves imagino o quão apertado deve ficar o peito nesses momentos... Beijinhos

    ResponderEliminar